O Mapa da Segurança Pública, divulgado nesta quarta-feira (11 de junho) pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública, traz um dado preocupante relacionado à saúde mental da população mineira. Minas Gerais é o segundo Estado no país com mais casos de suicídio. Entre os agentes de segurança, o Estado ocupa o terceiro lugar no ranking — abaixo do Rio Grande do Sul. Os dados consolidados pela pasta de Segurança Pública são encaminhados pelos Estados ao Sistema Nacional de Informações de Segurança Pública (Sinesp) e tratam de casos entre janeiro e dezembro de 2024. A Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp) afirma que os dados foram divulgados de maneira “inadvertidamente”, já que “não estavam finalizados”.
Em 2024, foram registrados 16.218 suicídios no Brasil, o que representa uma redução de 1,44% em relação a 2023 — quando foram contabilizados 16.455 casos. Essa média equivale a aproximadamente 44 suicídios por dia no país. Os números registraram alta desde 2020, conforme o levantamento, até a primeira queda no ano passado. Minas Gerais seguiu o padrão nacional e registrou queda de 2,81% em suicídios.
Os três Estados com o maior número absoluto de suicídios em 2024 foram São Paulo, com 2.921 registros (taxa de 6,35 por 100 mil habitantes), Minas Gerais, com 2.006 casos (taxa de 9,41), e o Rio Grande do Sul, com 1.506 registros (taxa de 13,41). Se o índice a ser considerado for o da taxa de casos por 100 mil habitantes, Minas Gerais ocupa o 10º lugar.
Perfil das vítimas
Das 2.006 vítimas de suicídio em Minas Gerais, 1.566 eram homens e 440 eram mulheres. O índice de 78% de homens é exatamente o mesmo visto no Brasil, quando 12.669 dos 16.218 registros corresponderam a pessoas do sexo masculino.
Casos envolvendo agentes do Estado
Pela primeira vez, um Mapa da Segurança Pública traz os dados de suicídio entre agentes das forças de segurança em Minas Gerais. Antes, o Estado não enviava os dados aos levantamentos de segurança pelo país e argumentava que a ideia era preservar as vítimas e as famílias.
O primeiro dado de suicídio nas tropas mineiras apareceu no Fórum Brasileiro de Segurança Pública com índices de 2022. Naquela ocasião, as baixas nas corporações eram 16, o mesmo número que aparece no Mapa da Segurança Pública deste ano com números do ano passado.
O número de 16 suicídios em Minas Gerais é o mesmo daquele registrado no Rio Grande do Sul e inferior aos 17 de São Paulo e aos 18 do Rio de Janeiro. Em Minas, foram 13 homens das forças de segurança que tiraram a vida e três mulheres. A reportagem de "O Tempo" procurou a Secretaria de Justiça e Segurança Pública (Sejusp) de Minas Gerais e aguarda retorno.
Onde procurar ajuda
Diante de crises emocionais, sentimentos de desesperança ou solidão profunda, muitas pessoas se veem sem saber a quem recorrer. Uma das principais redes de apoio emocional do Brasil é o Centro de Valorização da Vida (CVV), uma instituição que oferece escuta acolhedora e sigilosa a quem precisa conversar.
O CVV é uma organização sem fins lucrativos que presta apoio emocional por meio do telefone 188, um serviço gratuito, disponível 24 horas por dia, todos os dias da semana. Além da ligação telefônica, a escuta também pode ser feita por e-mail, chat ou pessoalmente em postos de atendimento distribuídos pelo país.
O serviço é realizado por voluntários treinados que se dedicam a ouvir, sem julgamentos, críticas ou conselhos. O foco está em acolher e valorizar a vida, permitindo que a pessoa possa se expressar e encontrar alívio em meio à dor.
Serviço:
CVV – Centro de Valorização da Vida
Telefone: 188 (ligação gratuita e sigilosa, 24h por dia)
Atendimento também disponível via chat e e-mail em: www.cvv.org.br
O que diz a Sejusp
De novo, o governo de Minas tenta minimizar o resultado deste trabalho. A Sejusp alega que os dados divulgados fazem parte de uma versão preliminar e não oficial do Mapa da Segurança Pública 2025. "Os dados, inadvertidamente divulgados, não estavam finalizados. O material final ainda será divulgado pelo MJSP, por meio de um anúncio oficial", diz a nota.