No mesmo dia em que um ataque do Novo Cangaço assustou os moradores da cidade de Guaxupé, no Sul de Minas Gerais, nesta terça-feira (8), pelo menos 300 agentes da força de segurança pública do estado fecharam o trânsito na avenida Afonso Pena, na altura da praça Sete, no hipercentro da capital, para protestar contra o governo de Romeu Zema. As categorias reivindicam uma recomposição salarial que, segundo os líderes do movimento, está atrasada há mais de uma década.
O presidente do sindicato dos escrivães da polícia civil do estado de Minas Gerais, Marcelo Horta, afirma que o governo prometeu, mas cumpriu apenas parte do que havia acertado com o setor. “Estamos com uma perda inflacionária de 74,89%, de um acumulado de dez anos. Nesse tempo, houve uma negociação considerando até 2022, e desse total, apenas 13% foi pago. Ou seja, ele propôs três recomposições, só que ele pagou só uma de deu calote em duas”, afirmou.
Com gritos de “eiro, eiro, eiro, Zema caloteiro”, oito associações relativas aos policiais militares e bombeiros e oito sindicatos de policiais civis, penais e socioeducativos pedem diálogo com a administração estadual. Os agentes acusam o governador do Estado, Romeu Zema (Novo), pelo aumento da violência em Minas.
A categoria garante que vai tentar o diálogo novamente e “ampliar o movimento” à medida que for necessário para alcançar o objetivo, sem confirmar, nem descartar, uma paralisação. “Na última semana, tivemos um caso de sequestro. Há quantos anos não se falava em sequestro em Minas Gerais? A população vai percebendo que a medida que governo não cumpre seu compromisso com a segurança pública, a violência vai tomando conta. As facções do Rio de Janeiro e de São Paulo estão invadindo Minas Gerais e a gente vai sofrer cada vez mais com altos índices de violência”, comentou o presidente.
A Secretaria Estadual de Justiça e Segurança Pública não se manifestou até o momento.
“A gente sempre tenta conversar com o governo, mas o governador Romeu Zema não tem diálogo com as forças de segurança, ele usa o serviço das forças de segurança para fazer marketing pessoal, para fazer marketing de governo, no entanto, não reconhece a importância que a segurança pública realmente necessita. Falta investimento. Não é só a recomposição, falta muita coisa pra segurança pública em Minas”, afirma Marcelo.
Impactos para os municípios
Essa "briga" dos agentes de segurança com o governo estadual não está relacionada apenas a salários, mas também a problemas que acabam por se refletir na segurança pública dos municípios mineiros. É público e notório que muitas prefeituras são obrigadas a assumir boa parte das responsabilidades no que se refere à estrutura e até em investimentos, por exemplo, nas policias civil e militar de suas cidades.
Os maiores municípios ainda conseguem investir em Guardas Municipais, que agora tem, inclusive, garantido o direito de atuar com poder de polícia, após decisão do Supremo Tribunal Federal, mas os que não podem criar esta instituição acabam se valendo de recursos municipais para melhorar o que o estado deveria promover.
Não à toa, se veem mais cobranças nesta área direcionadas a prefeitos que ao próprio governador, e também neste quesito os representantes das forças de segurança exigem mais investimentos.