Foto: Toninho Rodrigues |
O chamado "tarifaço" promovido por Donald Trump, algo que tem gerado críticas até mesmo de muitos de seus apoiadores, causam reflexos de todo o tipo no mercado mundial, em especial nos países que exportam produtos para os EUA. Mas, o café, sem dúvida o produto mais exportado por Minas Gerais, vai sofrer algum tipo de impacto? Após o anúncio do presidente norte-americano de taxar em pelo menos 10% as mercadorias brasileiras, o mercado cafeeiro já analisa possíveis consequências disso para o Sul de Minas.
Segundo pesquisa divulgada pela Fundação João Pinheiro, Minas Gerais foi responsável por 13,1 % dos produtos vendidos ao exterior, sendo o segundo maior exportador brasileiro em março de 2025. No acumulado do ano, em comparação ao mesmo período de 2024, a exportação de café avançou 76,7 % em valor, mas apenas 3,1 % em volume. Isso em parte até explica porque dos preços altos aqui dentro do país também. Segundo Breno Paiva, diretor do Porto Seco do Sul de Minas, que fica em Varginha, a passagem dos grãos por lá foram menores em volume, mas a receita em dólar aumentou porque o preço médio dobrou.
De janeiro a março deste ano, Minas Gerais exportou 9 bilhões e 900 milhões de dólares, incluindo todos os produtos. O carro-chefe do estado segue sendo o café. E a cidade de Varginha embarcou 325 milhões de dólares do produto somente no mês de março. Além de Varginha, outras cidades da região também têm destaque na exportação de café no mês de março, segundo dados divulgados pelo Porto Seco Sul de Minas. Guaxupé embarcou 233 milhões de dólares em receita; Alfenas, 71 milhões de dólares e Machado, 61 milhões e 600 mil dólares.
A cafeicultura brasileira está em alerta com o tarifaço. A medida quer dificultar a entrada de produtos importados nos EUA para fortalecer a indústria norte-americana. Só que os Estados Unidos são o principal comprador do café produzido no Brasil.
Segundo dados do Cecafé, o Conselho dos Exportadores de Café do Brasil, em 2024, o país importou 8 milhões e 131 mil sacas. Só no primeiro bimestre de 2025, foram 1 milhão e 206 mil sacas, o que equivale a 16,6 % do total.
De acordo com o superintendente da PROCAFÉ, João Marcelo Oliveira de Aguiar, ainda é preciso esperar para avaliar o que exatamente vai acontecer com o café neste caso. Para ele, os cafés de origem brasil, lá tarifados a 10%, tendem a se tornar mais competitivos do que os cafés vietnamitas e os cafés da Indonésia. Porém, não se sabe exatamente como essas tarifas vão funcionar na prática, como elas vão ser aplicadas, como elas vão ser calculadas. Um outro ponto é que é muito provável que ainda hajam renegociações em cima dessas tarifas.
De qualquer forma, com o vaivém de decisões do maluco presidente dos Estados Unidos, e a possibilidade de uma guerra comercial vislumbrada por todos os economistas do mundo (menos os que cercam Trump), quem exporta se preocupa com o futuro. Até agora, os únicos que ganham com isso tudo (como sempre) são os mais ricos do "mercado", que viram os valores de suas empresas aumentarem em trilhões. Já quem produz e vive no mundo real, prepara o lombo para alguns sufocos...