Uma substância tóxica, presente em uma ração animal provocou a morte de ao menos 245 cavalos em quatro estados brasileiros, segundo o Ministério da Agricultura. As mortes aconteceram após o consumo de um mesmo lote de ração produzida pela Nutrata, empresa de nutrição animal. No Sul de Minas, também existem casos que estão em apuração e pelo menos 15 animais já morreram.
Em Guaranésia, os sintomas chegaram a ser registrados em vídeo, pois o comportamento dos animais chegavam a assustar. “Eles começaram com sintomatologia nervosa, alguns conseguiram, outros cambalheamento, batiam a cabeça na parede”, contou o veterinário do haras, Gabriel Brito.
Os equinos receberam uma série de cuidados e medicações, mas oito morreram. “Nós fizemos o máximo, nós não economizamos em nada, medicamentos, nós buscamos pessoas que já tinham tido problema antes do que o nosso haras pra nos ajudar, mas assim, o que a gente viu é que mesmo fazendo tudo, a chance de sobrevivência é zero”, disse o dono do haras, Leandro Gonçalves.
Mais de dez animais ainda estão em observação, com exames realizados pelo menos duas vezes por semana.
A principal suspeita é de que havia sementes de uma planta chamada crotalária misturadas à ração. Segundo o Ministério da Agricultura, esse tipo de planta possui substâncias altamente tóxicas para os animais.
Até o momento, segundo o Mapa, 245 animais já morreram em Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro e Alagoas. Mortes também são investigadas na Bahia e em Goiás.
Todos os cavalos consumiram a mesma ração. A suspeita é que sementes da crotalária tenham sido misturadas à matéria-prima usada na fabricação.
No Sul de Minas já são pelo menos 15 mortes confirmadas. Além dos oito animais em Guaranésia, outros cinco morreram em Guaxupé, um em Muzambinho e um em Gonçalves. Os números foram levantados pela advogada Alessandra Agarussi, que representa alguns criadores da região.
“Há um trabalho interno, árduo, persistente, para que as pessoas aqui façam essas denúncias. Aqueles que no primeiro momento relataram cinco perdas em um aras no início de junho, mas ‘eu tive mais perdas agora’, ele também precisa refazer uma nova denúncia pra que esses novos óbitos sejam contabilizados”, explicou a advogada.
Em nota, a Nutrata Nutrição Animal lamentou os relatos de intoxicação e informou que adotou medidas preventivas e corretivas imediatas. Entre elas, o reforço nos controles laboratoriais, revisão dos critérios de qualificação de fornecedores, rastreabilidade de matérias-primas e reestruturação dos protocolos sanitários.
No haras de Guaranésia, o prejuízo é estimado em R$ 1,5 milhão. Uma imagem registrada no local comoveu os funcionários: uma potrinha tentando mamar na mãe que tinha acabado de morrer. “Dondoka”, como passou a ser chamada, agora está com três meses e precisa de cuidados especiais.
“A gente tá tendo que fornecer leite comercial próprio pra equinos pra suplementar essa falta do leite materno da égua. Nada se compara ao leite da égua, o leite da mãe, sempre vai ser um animal atrasado, um animal que vai ficar sempre pra trás do outro, ele sempre vai ficar mais magro, mais atrasado”, disse um funcionário do haras.
“A gente espera que eles possam ressarcir o prejuízo de todos, não somente o meu, mas de todos, que são prejuízos que financeiramente pode ser que eles consigam, mas eles jamais vão conseguir reparar o dano emocional dos proprietários, dos familiares”, desabafou Leandro.
Os criadores relatam que os sintomas nos animais evoluem de forma muito rápida e que não há o que fazer. O Ministério da Agricultura informou que ampliou as investigações e chegou a suspender a produção e venda de todas as rações produzidas pela empresa.
No entanto, uma decisão liminar permitiu que a Nutrata voltasse a fabricar rações que não sejam destinadas a equídeos. O Ministério recorreu da decisão, alegando risco sanitário.
*Fonte: EPTV Sul de Minas
0 Comentários
Faça o seu comentário com bom senso e equilíbrio
Emoji