A exasperação tomou conta de uma empresa de comunicação visual de Poços de Caldas, no Sul de Minas, que decidiu usar um de seus próprios outdoors para fazer um apelo inusitado – e desesperado – aos ladrões de fios elétricos: "Por favor rouba outro, a gente não aguenta mais." A placa, instalada na Avenida João Pinheiro, um dos pontos mais afetados por esse tipo de crime, reflete o cansaço de quem convive com prejuízos constantes.
Segundo o empresário Vitor Hugo Xavier, só neste ano já foram mais de 20 furtos em todas as regiões da cidade. "Isso não é algo novo, já vem de um tempo. Nós decidimos colocar esse outdoor para chamar a atenção das autoridades policiais e também da comunidade para esse problema. A gente não aguenta mais mesmo, não tem mais o que fazer, é prejuízo em cima de prejuízo", desabafa.
Os números comprovam a gravidade da situação. De acordo com a Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp), Poços de Caldas registrou 116 furtos de fios e cabos em 2024. E, em apenas seis meses de 2025, a cidade já está próxima desse índice, com 108 casos – um aumento de 177% em relação ao mesmo período do ano passado, quando foram registradas 39 ocorrências.
Além da Avenida João Pinheiro, os locais mais visados pelos ladrões são o Parque José Affonso Junqueira, a Avenida Francisco Salles e a pista de caminhada da Avenida Pedro Galha, todos com grande movimento de pessoas.
Os prejuízos vão muito além dos fios de cobre roubados. "Causam um enorme prejuízo porque, além de roubar toda a fiação, destroem os holofotes de LED, a fotocélula, o timer. E a gente não consegue repor todos esses materiais", explica Xavier. A empresa já registrou diversos boletins de ocorrência, e em alguns casos os responsáveis foram presos, mas logo colocados em liberdade.
O empresário levanta ainda outra questão crucial: "Se alguém está roubando esses fios, é porque tem alguém comprando. E isso tem que ser combatido." A Polícia Militar de Poços de Caldas afirma que tem intensificado fiscalizações em locais que compram materiais recicláveis, incluindo peças de cobre. "Nós estamos fazendo fiscalizações rotineiras nesses locais, além das prisões de autores [de furto], que têm sido identificados. Já tivemos uma redução considerável, principalmente no mês de julho", declarou o tenente Esdras José da Silva em entrevista à EPTV Sul de Minas.
Enquanto isso, o outdoor continua exposto, não só como um protesto, mas como um alerta: sem ações mais efetivas, o problema vai continuar deixando não apenas prejuízos materiais, mas também um sentimento de impotência em quem tenta trabalhar honestamente.
Comentários
Postar um comentário
Faça o seu comentário com bom senso e equilíbrio