Um caso triste e ao mesmo tempo revoltante tem causado impacto nos moradores de Alfenas. O influenciador digital Orlando Júnior de Souza, conhecido como Orlandinho, de 42 anos, morreu no último sábado (19/07) após sofrer um infarto fulminante. O detalhe é que, na madrugada do dia anterior, ele havia sido vítima de um episódio de constrangimento público e emocional (e ilegal) durante uma romaria com destino a Aparecida, com indícios claros de racismo e de homofobia. A situação foi registrada em boletim de ocorrência pela Polícia Militar, que ouviu as partes envolvidas e testemunhas no local, mas pelo visto ficou por isso mesmo.
Conforme relatado no boletim de ocorrência, por volta da 1h da madrugada de sexta-feira (18/07), o grupo de romeiros fez uma parada no espaço de eventos Bloco do Urso, em Santa Rita do Sapucaí. Ali, um policial militar da reserva, Renan Aparecido de Assis, morador de Passos, resolveu abordar Orlandinho porque não havia encontrado sua carteira e desconfiou do influenciador, que estava sentado próximo aos seus pertences.
Foi aí que começou a abordagem. Ele exigiu que Orlandinho mostrasse o que tinha em sua bolsa, o que foi feito, com a retirada de todos os objetos da mochila, e ainda fez uma busca pessoal, e nada foi encontrado. Depois, a carteira do militar foi encontrada em seu próprio colete. Pedido de desculpas? Não há relato de que houve.
"Me senti humilhado e constrangido, e atribuo o fato por ser negro.”, disse Orladinho na confecção do boletim.
Segundo testemunhas, o militar, ao perceber o sumiço da carteira, já foi direto para cima do influenciador, que claramente constrangido questionou porque outras bolsas não foram revistadas
A esposa do policial também prestou depoimento e disse acreditar que o marido "possa ter se confundido sobre onde guardou a carteira", e ainda afirmou que ele não faltou com respeito à vítima, como se ser acusado de furto não fosse falta de respeito.
Após o episódio, todos foram levados à 114ª Companhia da Polícia Militar. Renan assinou um termo de compromisso, e Orlandinho formalizou a representação pelo crime de constrangimento ilegal. Não há citação sobre crime de racismo.
Então o fato que deixou muita gente triste e revoltada: na manhã de sábado (19), Orlandinho sofreu um infarto fulminante e morreu. Ele foi velado e sepultado no domingo (21), em Alfenas, cidade onde morava e era muito querido. Para os amigos e grande parte dos moradores da cidade, todo o constrangimento sofrido durante a romaria é a causa principal do ataque cardíaco.
“Orlandinho foi humilhado. O constrangimento que ele passou destruiu o psicológico dele”, escreveu uma amiga. “Ele morreu dois dias depois. Isso não pode ser ignorado”, disse outro seguidor.
A Polícia Militar de Minas Gerais informou que o autor da abordagem está na reserva remunerada, e que a conduta dele não reflete os valores da instituição, que preza pela legalidade e pelo respeito à dignidade humana.
Independente da possibilidade de se ligar o ato claramente preconceituoso do militar à morte de Orlandinho, o que a população aguarda e exige agora é, simplesmente, Justiça!
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