Era uma tarde de terça-feira (5/8) comum na Escola Virgínia Marcondes Escobar, em Camanducaia. O professor de geografia entrava na sala esperando mais uma aula sobre relevo ou clima, mas o que encontrou foi um cenário de guerra. Dois alunos se estranhavam, com palavras que viraram empurrões, e o clima pesado deixou claro que ninguém ali estava interessado no tema da aula do dia.
O professor, como sempre fazia, tentou ser o pacificador. Mas dessa vez, a mão que ergueu para separar a briga foi recebida com um olhar de desafio. Um dos garotos, de 16 anos, não gostou da intervenção. "Não é da sua conta!", gritou, antes de empurrar o professor com força suficiente para fazê-lo tropeçar. A cena, filmada por algum aluno com o celular, parecia saída de um daqueles vídeos encenados de brigas escolares, que viralizam na internet – só que essa era real, e doía.
Fora da sala, o clima não melhorou. O aluno, ainda alterado, voltou a agredir o professor, que desta vez caiu no chão. Ninguém soube dizer ao certo quem ou o que começou a briga, mas o que ficou claro foi a total falta de respeito que transbordava pelos corredores da escola.
A diretoria agiu rápido: suspensão imediata, reunião marcada com a família, Conselho Tutelar acionado. Enquanto isso, o professor, ainda atordoado, recebia apoio da Secretaria de Educação. O sindicato dos professores se reuniu com a escola, e até o prefeito local soltou uma nota de repúdio.
E no fim do dia, quando as portas da escola se fecharam e os corredores ficaram vazios, ficou a pergunta: quantas vezes um professor precisa cair antes que alguém perceba que o problema não é só um aluno agressivo, mas tudo o que hoje em dia deixa a classe dos Mestres sem nenhum amparo, sem o respeito que outrora existia?
A geografia daquela sala de aula mudou naquela tarde. O terremoto não foi por conta do movimento de placas tectônicas, mas sim pelo choque de uma geração que tinha o professor como modelo com a que agora o encara como empregado ou um ser de menos valia.
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