Mais um conflito no Oriente Médio, com impactos para todo o mundo, provavelmente teve início nesta sexta-feira (13). Israel realizou um ataque ao Irã durante a madrugada, noite de quinta-feira (12) no horário de Brasília. O bombardeio mirou infraestruturas nucleares iranianas. Teerã prometeu responder ao ataque e afirmou que a ação é uma declaração de guerra.
A TV estatal do Irã disse que o chefe da Guarda Revolucionária, Hossein Salami, e o chefe das Forças Armadas do país, Mohammad Bagheri, morreram nos ataques. Dois cientistas nucleares também foram mortos.
Israel afirmou que o Irã lançou mais de 100 drones contra o território isralense. A população foi orientada a permanecer próxima de abrigos e evitar áreas abertas.
No exato momento do ataque, em que retaliações já eram esperadas, prefeitos brasileiros, dentre eles o de Belo Horizonte, Álvaro Damião (foto ao lado), estavam em visitas a Israel, e tiveram que se abrigarem bunkers. O espaço aéreo do país foi fechado e agora os visitantes tentam formas de retornar ao Brasil o mais rápido que puderem.
De acordo com a imprensa americana, os Estados Unidos haviam dito a Israel que não participariam diretamente de um ataque contra o programa nuclear do Irã. Após os bombardeios israelenses desta quinta, autoridades americanas confirmaram à agência de notícias Reuters que não houve assistência dos EUA na ação.
Mesmo assim, Israel aposta na proteção de Washington quando houver retaliação da república islâmica, e Trump convocou uma reunião de emergência de seu gabinete para acompanhar os desdobramentos da ação.
O ministro da Defesa de Israel, Israel Katz, declarou emergência nacional em todo o território do Estado judeu, dizendo que ataques com mísseis e drones vindos do Irã "são esperados" no futuro próximo. Durante a emergência, escolas, universidades e a maior parte dos escritórios ficam fechados e reuniões públicas ficam proibidas. O espaço aéreo de Israel também foi fechado.
Autoridades de Israel disseram à emissora Canal 13 que as forças do país estão se preparando para "dias de batalha" contra o Irã. A operação atual foi batizada de "Força de um Leão", uma referência ao animal que é considerado um símbolo judaico.
O contexto do ataque é a tentativa de Israel de adiar ou impedir o desenvolvimento de uma arma nuclear pelo Irã, cenário considerado inaceitável por Tel Aviv. Israel já conduziu outros ataques contra a infraestrutura nuclear iraniana no passado, e seu serviço de espionagem assassinou cientistas iranianos e realizou ataques cibernéticos contra centrífugas de urânio.
O Irã, por sua vez, financia grupos armados que se opõem a Israel no Líbano, como a milícia xiita Hezbollah, e na Faixa de Gaza, como a facção terrorista Hamas - contra o qual Tel Aviv luta uma guerra na Faixa de Gaza há quase 20 meses que já matou mais de 50 mil palestinos.
O último ataque de Israel ao Irã havia ocorrido em outubro passado, quando Tel Aviv retaliou ofensiva executada por Teerã com cerca de 200 mísseis como parte de vingança pela morte de Hassan Nasrallah, então líder do Hezbollah.
Na ocasião, Netanyahu prometeu ao governo do então presidente dos EUA, Joe Biden, que não iria atacar alvos ultrassensíveis do Irã, como instalações nucleares ou infraestrutura petrolífera, mas sim bases militares. Teerã falou em danos limitados.
Nesta quinta, em outro sinal de que as conversas entre os EUA e o Irã haviam deteriorado, o conselho diretivo da agência nuclear da ONU declarou pela primeira vez em quase 20 anos que Teerã violou suas obrigações de não proliferação. O desdobramento aumenta a perspectiva de que o país seja denunciado ao Conselho de Segurança.
A medida ocorre após vários impasses entre a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), sediada em Viena, e o Irã desde que Trump retirou os EUA de um acordo nuclear entre Teerã e as principais potências nucleares em 2018, durante seu primeiro mandato. Um funcionário da AIEA disse que o Irã respondeu informando à agência que planeja abrir uma terceira usina de enriquecimento de urânio.
O funcionário da AIEA disse que Teerã não forneceu mais detalhes sobre os novos locais de enriquecimento planejados, incluindo sua localização, o que permitiria o monitoramento pelos inspetores nucleares da ONU.
O enriquecimento pode ser usado para produzir urânio para combustível de reatores de energia ou, em níveis mais altos de refinamento, para bombas atômicas. O Irã diz que seu programa de energia nuclear é apenas para fins pacíficos - entretanto, um alto funcionário iraniano disse à Reuters que o aumento das tensões no Oriente Médio serviu para "influenciar Teerã a mudar sua posição sobre seus direitos nucleares".
Após a decisão da entidade ligada às Nações Unidas, o Ministério das Relações Exteriores de Israel disse que as ações de Teerã minam o Tratado de Não Proliferação global e representam uma ameaça iminente à segurança e estabilidade regional e internacional.
O Irã é signatário do Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares (TNP). Israel não faz parte do tratado e, como amplamente citado entre especialistas do tema, se acredita que possua o único arsenal nuclear do Oriente Médio, embora não admita isso oficialmente.


Comentários
Postar um comentário
Faça o seu comentário com bom senso e equilíbrio