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GAROTO MORRE APÓS MAL SÚBITO DURANTE JOGO DE FUTEBOL


O ÚLTIMO JOGO DE VITOR - Há uma certa luz no final de tarde que parece feita especialmente para os campinhos de futebol. É uma luz dourada, que alonga as sombras e transforma cada lance em uma cena de cinema. Foi sob essa luz, na quinta-feira, que a vida de Vitor Anastácio Neto, um garoto de 16 anos, escreveu seu capítulo final em um ginásio de Pouso Alegre.

O futebol é a linguagem universal da amizade. A bola rola, os gritos ecoam, o suor escorre – é um ritual de pura alegria. Vitor estava imerso nesse ritual, correndo atrás de uma bola como havia feito tantas outras vezes. De repente, a partida parou. Não por um falta ou um gol, mas por um silêncio súbito. O garoto caiu. Sentou. O corpo, que há instantes era pura energia e graça, foi tomado por uma convulsão. A vida, tão vibrante, dava mostras de uma fragilidade assustadora.

O que se seguiu foi um esforço heroico e desesperado para prendê-la. Um policial, que por acaso estava ali, não como autoridade, mas como homem, correu e iniciou os primeiros socorros. Depois, a equipe do Samu, com sua competência fria e necessária, assumiu a batalha. Sirenes cortaram o ar da cidade, levando Vitor às pressas para o Hospital Samuel Libânio. Dentro da ambulância, um drama silencioso: os procedimentos de ressuscitação, uma dança frenética contra a morte. Cada compressão torácica era um apelo, um pedido de mais tempo.

Mas algumas partidas a gente não vira. A vida, às vezes, insiste em um placar que não sabemos ler. Vitor partiu, deixando no ginásio um vazio que a luz do entardecer não consegue mais iluminar.

Na manhã de sexta-feira, a despedida foi no Jardim do Céu. Um nome que soa como um consolo, uma promessa de paz para quem partiu tão cedo. A Prefeitura emitiu uma nota, oferecendo "acompanhamento e acolhimento" à família. São palavras dignas, necessárias, mas que soam como um sussurro diante do grito de dor de uma mãe, do abraço mudo entre amigos.

A crônica de uma cidade é feita dessas histórias. Não apenas dos grandes eventos, mas dos dramas silenciosos que interrompem a rotina. A história de Vitor é um daqueles episódios que nos fazem olhar para nossos filhos, para nossos amigos, com um misto de amor e temor. Ela nos lembra que a vida é uma partida de futebol sob a luz dourada da tarde: bela, intensa e, às vezes, tragicamente curta. E que, no fim, o que importa não é o resultado, mas a dignidade com que se joga.




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