NA LAMA, NA LUTA, NA ALEGRIA: OS DESAFIOS DO "PARAÍSO ÓBICE"
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Competindo ou se divertindo, atletas desafiaram os próprios limites nesta disputa |
Acompanhamos neste domingo (9), o 4º Paraíso Óbice, um evento esportivo "diferente" e que chama a atenção de toda a região. A modalidade, criada por João Martins, gestor de Esportes da Prefeitura de Paraisópolis, junta desafios que levam ao limite elementos como força, equilíbrio, rapidez e até controle das emoções (como o medo, por exemplo). O próprio idealizador falou conosco sobre como tudo começou e os avanços que o evento teve nestes quatro anos (veja no vídeo abaixo, ao final deste texto).
O dia nem tinha nascido quando os primeiros atletas já se aglomeraram no espaço da pista de motocross. Não eram soldados, mas carregavam no olhar a mesma fúria dos guerreiros antigos, só que acompanhada de sorrisos, abraços, gritos de incentivo. À frente deles, um labirinto de arame farpado, paredes de madeira escorregadias, fossos de lama escura e cordas que desafiavam a gravidade. A pista não era um campo de batalha, mas um playground para almas que riem do que parece até impossível (e pra muitos era mesmo).
Eram mais de 160 guerreiros e guerreiras, que partiam como flechas em suas equipes, mas logo de cara já percebiam que a tarefa não era mole, como a lama que já encararam de começo. Deslizaram, caíram, rolaram. Alguns gritaram, outros gargalharam. Um homem de cabelos grisalhos ajudou uma jovem a se levantar. O sorriso desafiava décadas, e ela sabia que ali tinha o que aprender.
Nas paredes de 3 metros, músculos queimavam, unhas cravavam na madeira áspera. Na primeira subida, o mais forte, que estendia a mão para os seguintes. No fosso de água gelada, uma corrente humana. E havia os que pareciam correr sozinhos, mas nunca estiveram sós. Um adolescente, magro, encarou os principais desafios com dedos que tremiam. Talvez pensasse: "Não sou fraco"! Teve quem sangrasse no arame farpado, mas como bom guerreiro não aceitou arrego, e foi até o fim com os seus amigos e amigas
Pelas mãos do Prefeito Éverton de Assis e do vice Alex Braga Faria, três equipes levaram seus troféus de Primeiro (Equipe 1002), Segundo (1007), e Terceiro Lugar (1003), mas, no final, a linha de chegada não separou vencedores e perdedores. Apenas reuniu contadores de histórias. Rostos sujos de terra, roupas rasgadas, medalhas de barro coladas ao peito. Trocaram apertos de mão, cumprimentaram os tantos voluntários que os apoiaram em cada ponto, deram abraços molhados, fizeram selfies com sorrisos de quem descobriu um segredo: vencer obstáculos é fácil quando você transforma cada queda em uma piada e cada ajuda em um ritual.
Ali, entre poças e cicatrizes passageiras, eles não quebraram recordes mundiais, mas quebraram algo maior: a ilusão de que limites são muros, e não convites para escalar. No fim, todos estavam cobertos de lama. E, de alguma forma, brilhavam como estrelas.
Porque a verdadeira corrida de obstáculos não era contra o relógio, nem contra "os outros". Era uma guerra particular, travada com granadas de riso e trincheiras de superação. E no campo dessa batalha, todos saíram campeões.
Abaixo: O gestor João Martins fala sobre o evento:
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