MÁFIA DOS TRANSPLANTES: QUATRO MÉDICOS VÃO A JÚRI POPULAR

Um dos casos envolvendo a chamada "Máfia dos Transplantes" de Poços de Caldas ganhou mais um capitulo na Justiça. Os médicos Paulo César Pereira Negrão, Jeferson André Saheki Skulski, Cláudio Rogério Carneiro Fernandes e João Alberto Goes Brandão, réus no que ficou conhecido como "caso 5" serão levados ao Tribunal do Júri pelo crime de homicídio qualificado. A decisão é referente à morte de Paulo Lourenço Alves, em 2001, com a finalidade de viabilizar transplantes ilegais.

Os envolvidos ainda podem recorrer da decisão em liberdade, desde que cumpram medidas cautelares.

As defesas de Paulo César Pereira Negrão, João Alberto Goes Brandão e Cláudio Rogério Carneiro Fernandes informaram que irão recorrer da decisão. Já a de Jeferson André Saheki Skulski ainda não havia se manifestado até o fechamento desta matéria

A decisão, proferida na terça-feira (3), determinou ainda que os médicos Alessandra Angélica Queiroz Araújo e José Júlio Balducci, também pronunciados no caso, não irão a julgamento pelo Tribunal do Júri.

Inicialmente, em 2015, parte dos réus foi condenada por remoção de órgãos de pessoa viva com resultado morte. Alessandra teve sua conduta desclassificada para o crime, o que resultou na extinção da punibilidade pela prescrição, e Balducci foi absolvido. Porém, o Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) anulou a sentença, em 2017, ao reconhecer que a denúncia descrevia indícios de crime doloso contra a vida, de competência exclusiva do Tribunal do Júri. Com isso, determinou-se o retorno dos autos à primeira instância para readequação jurídica dos fatos e nova decisão sobre pronúncia. Na nova sentença, no entanto, o Juízo entendeu que não houve recurso do Ministério Público contra os pontos favoráveis a Alessandra e Balducci e manteve as decisões referentes a eles, livrando-os assim do julgamento popular.

O caso

Paulo Lourenço Alves foi vítima do "Caso 5" de uma investigação que ficou conhecida como "Máfia dos Órgãos" referente à retirada ilegal de órgãos na Santa Casa de Poços de Caldas (MG) de vários pacientes.

A vítima, na época com 41 anos, morreu em 15 de janeiro de 2011, e segundo a Justiça, teria tido as córneas e os rins removidos ilegalmente enquanto ainda estava viva.

As investigações sobre a "Máfia dos Transplantes" tiveram início após a morte do menino Paulo Veronesi Pavesi, o Paulinho, em 2000. A criança, na época com 10 anos, teria tido os órgãos removidos enquanto ainda estava viva. Ao longo de mais de 20 anos, os processos foram desmembrados e vários julgamentos realizados, adiados ou anulados. 

Em 2023, o médico Álvaro Ianhez foi preso em Jundiaí (SP) e levado para a Penitenciária 2 de Tremembé (SP), conhecido como o "Presídio dos Famosos". Ele foi denunciado por chefiar a entidade MG Sul Transplantes, que realizava as retiradas dos órgãos e os encaminhava aos possíveis receptores. A organização foi apontada pelo Ministério Público como “atravessadora” em um esquema de tráfico de órgãos humanos. 

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